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Produtores rurais de Projetos de Irrigação sofrem com paralisação do sistema por falta de pagamento

  • Foto do escritor: Mandaracu Online
    Mandaracu Online
  • 2 de fev. de 2018
  • 4 min de leitura

Os produtores rurais dos Projetos de Irrigação do Sistema Itaparica sofrem há anos com cortes consecutivos de energia do sistema de irrigação e mal iniciou o ano de 2018 e já estão sofrendo novamente com os mesmos problemas decorrentes de quebra de acordos do Governo Federal.


Foto: Manifestação na BR 116 em Abaré, Bahia (crédito: site Lagoa Grande Notícias)

Os Projetos de Irrigação do Sistema Itaparica nasceram da luta dos trabalhadores rurais pela garantia da terra após serem despejados de suas posses pela inundação provocada pela construção das barragens no Rio São Francisco. Após muita resistência dos grandes proprietários e do Governo em assumir as responsabilidades pelas perdas dos trabalhadores rurais foi que em 1986 nasciam os Projetos de Irrigação que margeiam o Velho Chico.


Foto: Plantação nos Projetos de Irrigação (crédito: internet)

Porém, mesmo após serem reassentados dentro das Agrovilas nos Projetos, a luta dos trabalhadores permanece até os dias atuais. Na implementação dos Projetos foram estabelecidos vários pontos que deveriam ser cumpridas por ambas as partes, mas o Governo teima em desrespeitar o povo trabalhador e impor sofrimento à quem abastece as mesas dos grandes centros metropolitanos do nordeste.

Os Projetos de Irrigação que fazem parte do Sistema Itaparica produziram só no ano de 2008 o total de 200 milhões de toneladas de produtos agrícolas, sendo os principais responsáveis por abastecer grande parte do nordeste com manga, banana, coco verde, amendoim, goiaba, mamão e outros.

O povo resistente e trabalhador destes reassentamentos vem sofrendo a anos pela quebra de acordos por parte do Governo Federal pois este teima em entregar todo o Sistema de Irrigação aos trabalhadores com uma infraestrutura precária, sucateada e com várias etapas dos Projetos que não foram implementadas, o que acaba prejudicando todas as famílias rurais destas terras que dependem do produto dela para alimentar aos seus próximos.

Várias foram as manifestações realizadas pelos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais a fim de que o Governo cumprisse com todos os acordos que foram feitos e dentro destas lutas destacam-se a ocupação em 2015 da CHESF, vários bloqueios de rodovias e o feito histórico que relembrou os primórdios dos precursores do Projeto de Irrigação que foi a ocupação em dezembro de 2017 da Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga organizado pelo Polo Sindical dos Trabalhadores Rurais.

A seca destes últimos anos também impôs aos trabalhadores um grande sacrifício, principalmente ao Projeto Pedra Branca e Rodelas. Com o nível baixo do Rio São Francisco a captação da água foi prejudicada e foi necessário a construção de um reservatório dentro do próprio Rio para que as bombas dágua pudessem mandar a água para o Sistema de Irrigação. Para a construção deste reservatório os produtores rurais tiveram que desembolsar R$ 9.000,00 para sua implementação, e além disto foi necessária a aquisição de bombas flutuantes para jogar a água no reservatório. Isto é apenas uma parcela dos problemas impostos aos trabalhadores, pois as bombas flutuantes não tem capacidade suficiente para suprir a demanda das bombas que alimentam o sistema de irrigação, o que fez com que por meio de uma Emenda Parlamentar do Deputado Federal Angelo Almeida do PSB da Bahia fosse adquirida uma terceira bomba flutuante para amenizar a situação. O grande problema após a aquisição da terceira bomba flutuante é que o transformador que alimenta a energia não tem capacidade para aguentar toda a demanda elétrica e os trabalhadores há meses aguardam uma solução da CODEVASF, pois eles já estão com prejuízos que são imensuráveis.

Além destes problemas houve nestes últimos tempos um grande vendaval que destruiu com mais de 90% da produção da banana, que representa o sustento da quase totalidade dos agricultores rurais do Projeto de Irrigação Pedra Branca e Rodelas, e além disto o sistema tem sofrido interrupções pela falta de manutenção e falta de pagamento da energia elétrica por parte do Governo Federal nestas últimas semanas, o que dirime mais ainda as esperanças deste povo sofrido. A manutenção do Sistema de Irrigação dentro dos Projetos já estava sendo realizada pelos próprios produtores para não aumentarem ainda mais as suas perdas e tentarem ao menos sobreviverem dentro dos reassentamentos.

Nesta sexta-feira, dia 2 de janeiro, houve uma grande manifestação na BR 116, município de Abaré (BA), com participação de mil e quinhentas pessoas. Nesta manifestação foi reivindicada a solução dos problemas da interrupção da energia elétrica e manutenção do sistema. A BR 116 ficou fechada e alguns manifestantes desesperançosos e na tentativa de forçar uma abertura de diálogo com representantes da CODEVASF ameaçaram colocar fogo na base das Torres de Transmissão que interligam as Usinas. Alguns líderes do movimento que estavam presentes na posse de Elmo Aluízio Vieira Nascimento como superintendente regional da Codevasf em Juazeiro (BA) conseguiram que sua pauta de reivindicação fosse ouvida, e assim foi dada a promessa que até o dia 6 de fevereiro os pagamentos das parcelas atrasadas seriam saldadas.


Foto: Manifestação na BR 116, em Abaré, Bahia (crédito: site Lagoa Grande Notícias)

Cézar, Gilson e Odair, alguns dos líderes dos trabalhadores rurais do Projeto de Irrigação Pedra Branca afirmam que esperam que seja cumprida a palavra da CODEVASF e que seja regularizada a irrigação do sistema pois todos os trabalhadores já estão muito prejudicados e fartos de promessas não cumpridas por parte dos Órgãos Governamentais e caso não seja regularizada a situação serão forçados a novamente iniciarem novas manifestações. Falaram que aguardam também o cumprimento do acordo que foi firmado no dia 27 de dezembro de 2017 durante a ocupação da Usina Luiz Gonzaga, pois os valores acordados naquela data são necessários para que eles possam colocar todo o sistema de irrigação em pleno funcionamento com todas as manutenções e recuperações necessárias para que, após tudo isso, enfim os trabalhadores possam sentar em uma mesa de discussão e debater sobre a tarifa social que eles possam contribuir para o funcionamento do Projeto tocado por eles próprios. Afirmam também que toda a luta dos trabalhadores rurais do Sistema Itapiraca tem o único objetivo de contribuir com toda a sociedade nordestina com alimentos de qualidade e uma forma digna de suprir todas as necessidades básicas destes produtores, contribuindo assim para o desenvolvimento de toda a sociedade.


Foto: Cézar (à esquerda), Odair (em pé) e Gilson (à direita), líderes em Pedra Branca (crédito: Getúlio Nascimento)

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