Assentamentos no interior de Alagoas implementam práticas sustentáveis em suas produções
- Mandaracu Online
- 11 de mai. de 2018
- 4 min de leitura
A vida atual em nosso planeta suplica pela cultivação de um mundo melhor, crescendo de modo igualitário e sustentável. No interior de Alagoas, trabalhadores rurais tiram seu sustento da terra utilizando técnicas modernas de agricultura sem agredir o meio ambiente e preocupados com a saúde do consumidor final.

O Assentamento Pacas, em Murici, tem oitenta e cinco famílias de agricultores que utilizam as técnicas orgânicas em suas plantações, evitando a utilização de agrotóxicos que podem não só agredir o meio ambiente exterminando outros tipos de vidas silvestres que ali vivem, mas também afetando significativamente a saúde humana com possíveis doenças causadas pelos materiais químicos. Bel das Pacas, como é conhecido o responsável pelo Assentamento, e sua esposa mostram com orgulho aos visitantes suas plantações de laranja, banana pacovan e frutos que auxiliam na subsistência de sua família. Porém esta família de agricultores sofrem com estradas em más condições de tráfego, o que dificulta o transporte de sua produção e o acesso ao assentamento, e também sentem a falta de assistência médica, pois um Posto de Saúde ajudaria muito a toda a comunidade.
Os frutos da terra do assentamento abastecem algumas cidades de Alagoas, percorrendo centenas de quilômetros até estarem dispostos na mesa para serem apreciados pela população alagoana. Muitas de suas frutas são conhecidas regionalmente pelo excelente sabor que possuem.
No Assentamento Dom Hélder, no mesmo município, a irmã Rita, que é adventista, está trabalhando em um projeto de implantação de fossas sépticas nas casas dos agricultores. A fossa séptica é um sistema de tratamento de esgoto muito eficaz e auxilia na prevenção de doenças e evita a poluição do lençol freático com o despejo direto no solo dos dejetos humanos, além de diminuir o mau cheiro próximo à residência. Além deste projeto a irmã iniciou a criação de abelhas para extração do mel silvestre, sendo uma fonte extra de renda e auxilia na polinização de suas plantações de milho, mandioca, feijão e inhame, todos manejados de forma orgânica.


Rita, que além de responsável pelo assentamento também é coordenadora da Associação das Mulheres do Campo, está organizando para o dia treze de junho a 1ª Feira Orgânica de Murici, onde serão expostos a produção dos assentamentos que utilizam somente as técnicas sustentáveis de manejo de suas plantações.

Vários exemplos de modos sustentáveis de cultivos são vistos nos assentamentos de Murici. Lucilene, do assentamento Zumbi dos Palmares, está implantando as técnicas agrícolas de cultivo de uma Agrofloresta em suas terras, apoiado por membros da Universidade Federal de Alagoas. A agrofloresta é um consórcio de culturas agrícolas com espécies arbóreas que podem ser utilizados para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas. A tecnologia ameniza limitações do terreno, minimiza riscos de degradação inerentes à atividade agrícola e otimiza a produtividade a ser obtida. Há diminuição na perda de fertilidade do solo e no ataque de pragas aumentando a produção orgânica sem utilização de materiais químicos. Além desta técnica inovadora, Lucilene coordena uma associação de mulheres para comercialização de produtos do campo e também está começando um projeto de criação de abelhas no assentamento.

Em outra cidade próxima, Branquinha, há o Assentamento Nova Esperança, que produz laranja, pacovan e outas frutas, além de possuírem um projeto, já em estado bem avançado de implantação, de cultivação de abelhas com vários agricultores com treinamento no manejo.
Os consumidores atuais estão cada vez mais exigentes quanto à origem de seus alimentos, procurando produtos mais saudáveis e de qualidade, buscando adquirir aqueles que são produzidos de modo mais sustentável e menos agressivo ao meio em que vivemos.
Os trabalhadores rurais que abastecem nossas mesas para garantir sua sobrevivência necessitam que seus produtos sejam valorizados, não só pelo dispêndio de tempo e esforço dedicados no manejo da terra como pelas técnicas menos agressivas ao meio ambiente, pois as grandes empresas usam técnicas e materiais muitos invasivos e destrutivos para a natureza, exigindo um grande preço a ser pago pelo meio ambiente.
Apesar da importância dos assentamentos na produção agrícola, de acordo com o relato dos trabalhadores rurais, eles sofrem em suas terras com falta de sinal de telefonia móvel, redes elétricas com demanda insuficiente para alimentar seus equipamentos, falta de Postos de Saúde para o atendimento básico, estradas em más condições e falta de incentivo por parte dos órgãos públicos com programas de incentivo ao produtor rural.
Em lugares como esses moram trabalhadores rurais dedicados e determinados que vivem da terra e para a terra com o intuito de viver dignamente sempre procurando levar à nossa sociedade uma alimentação de qualidade, por que viver bem e com qualidade de vida está diretamente relacionado ao que o leitor põe em sua mesa.
A alimentação que é posta em sua mesa é saudável?
Como ter qualidade de vida com a alimentação?
Ao deixar esta pequena reflexão, teremos que levar em conta que para construirmos um mundo mais sustentável temos que buscar melhorias em vários sentidos e uma destas é a obtenção de alimentos sem agrotóxicos, valorizando assim as pessoas do campo.
Valorize o pequeno produtor rural.
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