Desertificação pode avançar no Nordeste, se nada for feito
- Mandaracu Online
- 24 de mai. de 2018
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Desertificação é a degradação da terra por causas naturais ou - principalmente - ações humanas em regiões áridas, subúmidas secas ou, como ocorre no Nordeste brasileiro, semiáridas.

Tratando-se de fatores naturais, a mudança climática do planeta nas próximas décadas é um das principais motivos de quem se preocupa com o avanço da desertificação no Brasil. A mudança é, segundo estudo realizado pela Fiocruz e UFMG, causada pela ação humana, principalmente pela emissão de gás carbônico (CO2) e outros gases poluentes. No mundo, estima-se que em 2050, a temperatura média possa subir entre 1 e 6 graus Celsius. Na Região Nordeste, no mesmo período, há a possibilidade de um aumento entre 2 e 4 graus na temperatura ambiente. Um acréscimo desse tamanho pode gerar uma diminuição de 15% a 20% na umidade, determinar uma alta evaporação que possa diminuir os níveis dos açudes e afetar a biodiversidade da caatinga.

O período de estiagem de seis anos seguidos (2012 a 2017) é anormal na região de Caatinga e pode ser um prenúncio negativo dessa tendência desertificante. A concretização de todos esses cenários no futuro agravará o quadro de desertificação no Nordeste, que atualmente já possui quatro regiões de desertificação: Gilbués (PI), Seridó (RN), Cabrobó (PE) e Irauçuba (CE). O avanço do fenômeno pode gerar no Nordeste efeitos negativos de 11% no Produto Interno Bruto (PIB), diminuição de 65% de terras para agropecuária, aumento na probabilidade de enfermidades e mudanças migratórias reduzindo o número de habitantes, mesmo nas cidades médias e Regiões Metropolitanas.

Os brejos de altitude (ou florestas de serra) localizam-se no Planalto da Borborema, Chapada do Araripe, Depressão Sertaneja Meridional, Serra da Ibiapaba e Maciço de Baturité e atuam como "caixas d’água" de toda a área de caatinga. Entretanto, recentemente a legislação pernambucana foi de encontro a preservação dessa vegetação, que reúne características de Mata Atlântica e Caatinga. Em 2015, houve alteração de classificação da área de preservação permanente no Estado de altitudes mínimas de 750 para 1100 metros. Isso favoreceu a instalação de usinas eólicas (aumentando a energia renovável), todavia, sem a proteção contribuiu-se para avanço do pastoreio e atividade agrícola - degradando a vegetação natural, que é menos de 0,1% da área total de Pernambuco. Políticas de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca devem ser feitas nos estados afetados e a nível nacional. Contudo, além da preocupação e ações serem deveres do Poder Público, é necessária a atuação dos cidadãos em torno da temática. Se a fiscalização e a contribuição dentro das esferas pessoal, profissional e comunitária não forem feitas, não adianta muito apenas cobrar as gestões governamentais.

Adotar transportes alternativos, investir em novas formas de energia em casa e no trabalho e ajudar na conscientização popular são alguns meios de tentar minimizar os efeitos nocivos. São atos em escala "micro", mas juntos podemos fazer mais e mudar o cenário temeroso que pode se aproximar.
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