Natureza sistêmica da realidade e sustentabilidade
- Mandaracu Online
- 30 de ago. de 2018
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E o grande paradigma climático, não é consensual, e está se revertendo no resfriamento global, segundo alguns (RIDENOUR, 2002). De alguma forma, Gaia não sucumbe à força impetuosa da humanidade, que é guiada por ações de consumo desenfreado dos seus recursos naturais e que decretam o destino de todos que nela habitam (CAPRA, 2006; LOVELOCK, 2006a).

A autopoiese sistêmica dominante necessita ser alterada. Pois hoje só o consumismo garante a manutenção dos círculos virtuosos da sociedade. Aumento de consumo gera maiores tributos, maior capacidade de intervenção estatal, maior lucratividade organizacional e manutenção das taxas de geração de ocupação e renda.
O consumismo precisa ser substituído pela ideia de satisfazer as necessidades dentro de ciclos.
Quanto mais estudamos os principais problemas de nossa época, mais somos levados a perceber que eles não podem ser entendidos isoladamente. São problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes (CAPRA, 1996, p.23).
Para LOVELOCK (2006a), o planeta Terra não é simplesmente uma massa sólida sobre influências gravitacionais do sol e do universo, e sim Gaia, uma entidade de grande complexidade e em constante manutenção do equilíbrio das suas condições superficiais, para propiciar e sustentar a vida.
Uma visão da Terra como um sistema autorregulador constituído da totalidade dos organismos, rochas de superfície, oceano e atmosfera estreitamente unidos como um sistema em evolução (LOVELOCK, 2006a, p. 155).
Infelizmente, este processo de auto-reconstrução do planeta, em virtude, das reações as mudanças brutais impomos a ele ao longo dos séculos, se refletem em escala global, delineando um novo mapa abiótico, tanto geológico, climático, aquífero e biótico ou da biosfera, como reflexo de seus processos cíclicos em busca da homeostase ecossistêmica (CAPRA, 2006; LOVELOCK, 2006b).
No meio desta torrente, apesar de sermos organismos muito adaptáveis, por se modificar o ambiente ou introduzir artificialmente maneiras de propiciar sobrevivência, não se está tendo percepção dentro deste processo (MATURANA; VARELA, 1997), e as tragédias humanas ocorrem, onde centenas ou milhares de vidas são sacrificadas por tsunamis, vulcões, tornados, terremotos, enchentes ou nevascas.
É necessário entender que isto continuará a ocorrer até a completo equilíbrio planetária (DIAS, 2004; CAPRA, 2006). Mas quando estes processos diminuirão e minimizar seus impactos, isto não sabemos (RIDENOUR, 2002).
O que se sabe é por que começaram e em qual momento de nossa história iniciaram, já que se é protagonista deste processo que se denomina de crise ecológica (CARSON, 1969; VERNIER, 1994; CAPRA, 2006).
Há soluções para os principais problemas de nosso tempo, algumas delas até mesmo simples. Mas requerem uma mudança radical em nossas percepções, no nosso pensamento e nos nossos valores (CAPRA, 1996, p.23)
Segundo TANNER (1978, p.19), na busca de soluções para a sobrevivência do planeta, é preciso ter como objetivo, que a “humanidade seja capaz de se manter indefinidamente, num sistema de equilíbrio dinâmico com a Terra e seus recursos”.
Esta busca da humanidade para BOFF (1999), é de uma necessidade urgente de uma nova “ethos” (casa) humana, designando uma nova ética mundial e nas formas de relação interpessoal e intrapessoal com o meio ambiente, sendo o que chama de cuidar.
O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro (BOFF,1999 , p. 33).
Segundo Capra (1996), para termos um novo paradigma de valores, é preciso mudar a forma de pensamento interativo, que alterará a nossa percepção do mundo, possibilitando uma reflexão profunda de nosso modelo de vida socioeconômico e tecnológico, para que permita que valores como conservação, cooperação, qualidade e parcerias sejam incorporadas verdadeiramente a nossa vida cotidiana.
Este processo de autopoiese que é a busca da satisfação do ser humano como entidade única, singular e social (MATURANA; VARELA, 1997), e ao mesmo tempo intimamente relacionada como parte interativa do meio ambiente, possibilitará uma cura planetária de todos os paradigmas socioambientais (BOFF, 1999).
A civilização humana determinará nova autopoiese sistêmica, na acepção de Niklas Luhmann e Ulrich Beck, que contemple a solução dos maiores problemas e contradições exibidas pelo atual arranjo de equilíbrio. Para sua própria sobrevivência, o “sistema” vai acabar impondo uma nova metamorfose efetiva.
Ocorre tentar sensibilizar a humanidade, para que um futuro próspero e sustentável venha a existir contemplação e sobrevivência.
O tempo não para, e o planeta continua a encontrar meios para superar as mudanças impostas a ele pela humanidade e, como a existência que possibilita a vida é cíclica, rítmica e sistêmica, nossa ótica para garantir um futuro para as próximas gerações, deve estar centradas em nós mesmos, conforme CÓRDULA (2011).
É preciso entender nossa conexão com o ambiente e com o todo. É necessário ter sensibilidade aos paradigmas socioambientais e mudar gradativamente toda a base evolutiva de nossa sociedade técnico-científica, repensando de uma forma sustentável e de ação efetiva, sem deixar que as próximas gerações herdem o que agora, precisa ser mudado.
Republicado do site EcoDebate, ISSN 2446-9394, 30/08/2018
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