Indígenas Wassú e os problemas que enfrentam às margens da BR-101 em Alagoas
- Mandaracu Online
- 24 de nov. de 2018
- 3 min de leitura
Para entender melhor sua situação, é interessante sabermos como os índios Wassú vivem.
A Aldeia Indígena Wassu Cocal é da região do Vale do Paraíba e Mundaú e ficam localizados no município de Joaquim Gomes (AL). Os índios vivem nas margens do Rio Camaragibe – situado entre Joaquim Gomes (AL) e Novo Lino (AL) – e suas terras são cortadas pela BR-101, do 20,6 Km até o 27,3 Km, perfazendo 6,7 quilômetros.

A aldeia possui em torno de 760 famílias e uma população de 2.500 indivíduos. Suas terras foram homologadas em 2007, com 2.700 hectares. Entretanto, através de estudos feitos por técnicos e antropológicos e elaborados pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio), desde os anos 1970 lutam para recuperar uma área com 11.842 hectares e um perímetro de 24.225 metros.

A comunidade é organizada por 14 (quatorze) membros, como o Cacique Edmilson (Neguinho), o Pajé Lula, Eliane Juvita de Lima (Kety) e Cremilda Esminea Maxima (Iara).
Porém, o que era para ser um ambiente de harmonia e equilíbrio da natureza com o povo indígena, que há muito tempo estão lá, não está sendo bem assim. O principal motivo é a falta de cuidado de outras pessoas de fora da Aldeia Indígena que não têm o mesmo cuidado que os índios.
A vegetação está um pouco devastada e o rio está poluído. Não existem mais animais para caça e há muito pouco para a pesca. Parte da terra é muito boa e, ainda que não seja muito apropriada para agricultura, os índios plantam de forma natural e orgânica: manga, jaca, caju, banana, milho, batata-doce, inhame, macaxeira, mandioca, feijão, batata e outras frutas.

Existe também uma riqueza cultural, típica dos primeiros habitantes do Brasil.
A tribo possui quatro escolas que ensinam a cultura indígena na comunidade. Os indígenas praticam a religião própria, denominada Ouricuri. Ela é a concepção que os índios têm a respeito do mundo nos seus mais diversos aspectos, sobretudo os de natureza espiritual. Ouricuri, enquanto princípio organizador, é o que dá sentido à terra, à família, à identidade e à chefia. Embora haja cultura às tradições, há espaço também, de forma democrática, para missões religiosas católicas e evangélicas na Aldeia.

A Aldeia Wassu-Cocal possui um grupo de apresentações da dança do Toré e são realizadas apresentações no Dia do Índio (19 de abril) para o público que visita a comunidade. O Toré é uma dança ritual consubstanciada da prática do Ouricuri. A prática dele, além da sua ritualidade, representa o aspecto social e lúdico caracterizado por seus trajes típicos e pinturas corporais específicas da comunidade.
O preconceito sobre os indígenas da Aldeia Wassu-Cocal ainda existe ao redor por parte de moradores locais, mas foi minimizado ao longo dos anos, após a demarcação de sua terra e de maior organização da tribo.
A Terra Indígena tem uma certa infraestrutura, existindo lá também um posto de saúde e uma rede de transmissão elétrica.
Na parte social, os principais necessidades da aldeia são a melhoria das suas escolas, do seu posto de saúde e da infraestrutura de saneamento básico. Além disso, eles sentem necessidade de projetos de sustentabilidade na aldeia, de um museu próprio para registrar sua história e cultura e de algumas áreas de lazer para os indígenas.
Atualmente, outro dos maiores problemas, segundo a comissão organizadora da comunidade, é a duplicação da BR-101. A pista irá passar por parte de suas terras e as obras têm trazido muita tensão para a Aldeia.
Portanto, mesmo com dificuldades encontradas por meio da sociedade e do Poder Público, os Wassú resistem contra as ameaças preservando a sua cultura e cuidando bem da natureza, que é onde tiveram e têm um ótimo contato, como todos deveriam ter.
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