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A problemática da migração de indígenas venezuelanos para o Nordeste

  • Foto do escritor: Mandaracu Online
    Mandaracu Online
  • 5 de abr. de 2021
  • 3 min de leitura

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Pessoas a pé tentam cruzar a fronteira entre a Venezuela e o Brasil, em Pacaraima.

Devido à crise econômica e social na Venezuela, a migração de cidadãos venezuelanos para o Brasil cresceu significativamente nos últimos anos. Entre 2015 e até fevereiro de 2021, o Brasil registrou mais de 265 mil solicitações de refúgio e de residência temporária. A maioria dos migrantes entra no País pela fronteira norte do Brasil, no Estado de Roraima, e se concentra nos municípios de Pacaraima e Boa Vista, capital do Estado.


Para acolher parte dessa população, 11 abrigos oficiais foram criados em Boa Vista e dois em Pacaraima. Eles são administrados pelas Forças Armadas e pela Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Mais de 6,3 mil pessoas, das quais 2,5 mil são crianças e adolescentes, vivem nos locais. Estima-se que quase 32 mil venezuelanos morem em Boa Vista. Autoridades locais e agências humanitárias chegaram a apontar que 1,5 mil venezuelanos estavam em situação de rua na capital, dos quais, quase 500 tinham menos de 18 anos de idade.


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Posto de Triagem da Operação Acolhida em Pacaraima. Foto: Michele de Mello

Estima-se que mais de 32.000 venezuelanos residem hoje só na capital do estado de Roraima, causando um “BOOM” social e impactando diretamente a economia, sistemas de saúde, e até a segurança pública na cidade. Com a impossibilidade de acolher essa quantidade crescente de migrantes em apenas uma cidade, o Governo Federal, através da Operação Acolhida e com auxílio das agências internacionais e ONGs, estão realizando a estratégia de “interiorização” desses indivíduos para outros estados do Brasil.


Entretanto, os Estados que estão recebendo os migrantes venezuelanos refugiados estão encontrando dificuldades para acolher e atender a demanda dessa população, os quais estão sendo cadastrados nos programas sociais do Governo Federal. Os trabalhos desenvolvidos pelas Agências Internacionais e Organizações Não Governamentais (ONG) estão sendo fundamentais para o acolhimento dos migrantes, pois estas atendem necessidades que não são alcançadas pelo Órgãos Públicos.


Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), atualizados até fevereiro do corrente ano, a Região Nordeste recebeu um total de 2.825 migrantes venezuelanos interiorizados distribuídos nos 9 Estados. Porém, além dos migrantes interiorizados por intermédio da Operação Acolhida, está aumentando nas maiores cidades do Nordeste o número de Refugiados que estão chegando através da chamada “demanda espontânea”, ou seja, venezuelanos que estão entrando na fronteira de forma ilegal, buscando entrar no Brasil para buscar uma condição melhor de vida. Estes migrantes ilegais são na maioria indígenas da etnia Warao, vindos da Região Nordeste da Venezuela, os quais entram na fronteira em Pacaraima/RR e viajam por conta própria para diversas cidades do País.


Nas capitais do Nordeste, parte dos indígenas Warao são encontrados em situação de rua, na maioria das vezes são observados em semáforos pedindo dinheiro para sobreviver.


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Famílias de venezuelanos da etnia Warao sobrevivem pedindo dinheiros nos principais semáforos de Recife. Foto: Filipe Jordão

Devido à não possuírem documentação emitida pelas autoridades brasileiras na fronteira, não podem ser cadastrados nos Programas Sociais, fato que agrava ainda mais a situação dessa população e causa mais um problema a ser administrado pelas autoridades das grandes cidades.


A Mandacaru Online foi até Boa Vista e Pacaraima, no Estado de Roraima, para entender como acontece a entrada na fronteira desses migrantes, e qual a rota utilizada para chegar até o Nordeste. Aproveitando a estada em Boa Vista, a Mandacaru Online também foi conhecer as ações desenvolvidas pelas ONGs, as quais são primordiais no acolhimento da população venezuelana que vive a situação de calamidade.


Nos próximos dias, Mandacaru Online publicará duas reportagens produzidas pela nossa equipe em Roraima. Acompanhe as matérias no nosso site.


Por Lucas Duarte e Daniel Santos

Colaboradores

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